quinta-feira, 2 de outubro de 2008

engarrafada

listras onduladas
a girar sobre o asfalto
o funil esfola
ao meio-dia,
escorre a pressa.
apitos tossem
estupidez aguda,
passos vermelhos
emulam sirene
rumo ao palácio,
tudo parado.
túnel,
marcha.
elmos de agulha
a gritar entre altos,
enquanto as buzinas
dançam o caos.

10 comentários:

Adrianna Coelho disse...


no trajeto colorido
caótico e cotidiano

alguém absurdamente
engolia as setas
e todos os goody(ears)avançavam
e paravam no som
que tocava na maldita...

tem sido assim:
com as mesmas buzinas
desde aquele tempo...

Clara Cavour disse...

desde aquele tempo
que nós bordávamos
sons urbanos
em ritmo compassado
com a vontade de chegar
ao lugar nostálgico
do que ainda pode ser



ps: e num é que isso me soou meio a gente? sei lá, me veio agora as aquarianas lá de trás, qdo vc só era a namorada do melhor amigo...

Anônimo disse...

urbano e buzinado.

Cosmunicando disse...

dá pra ver a cena toda (e ouvir!!)

muito bom =)

Átila Siqueira. disse...

Um belo retrato de nossas cidades. Eu pude até me ver na cena, porque é assim mesmo que acontece. Gostei muito do poema, e achei muito bom a forma como falou do problema do trânsito e do caos urbano.

Obrigado pela visita lá no meu blog, e obrigado pelo elogio ao meu poema.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.

Amanda Santana disse...

só o coraçao nao para
espreita o caos
espera o verde
para se desengarrafar



amei! lembrou meu trajeto bota-jacarepagua.

Amanda Santana disse...

partiu bahia!!!!

omnia in uno disse...

garrafa na graxa do
asfalto risca faísca
o plástico contorce
pet um animal agonizando
a garrafa pede salvaç
listra o carimbo
dos goodyears, seca
sem rótulo a garrafa
no anonimato da rua
estupidamente rota
sujeita à frota

a garrafa não é de boccioni
nem do futuro
é garrafa era
(eras)
um animal agonizando

Mariana Botelho disse...

foi um tanto sinestésico...

bjos

Anônimo disse...

asfalto que mascara a terra
como um terno de mal cheiro
para dançar a valsa com a borracha
que sangrou de um verde forasteiro
(Talvez da Malásia ou do norte de nosso terreiro)
luzes mal faladas
apagam a escuridão celeste
os motores que farfalham
incomodam como sapatos apertados
ou como uma calça que não nos veste
a organização das formas
aparetando coerencia
oculta o processo initerrupto
da suada decadencia
e mesmo assim sentimos conforto
em um ar tão condicionado
quantos os atos
de uma enferma paciencia
e no fundo de uma atada prateleira
se encontra engarrafada
nossa desbotada consiencia