sonhei que ruibarbo era um mal do século. fruto da modernidade viscosa, vinha embalado em um papel-filme amarelo, amargo. fecundava as papilas com seu antígeno cínico, deslizando pelas veias num voluptuoso deleite. refluxo auto-imune do tempo, fluido, arrastava a agonia dos homens, cuspia o enfeite. despidos de vaidade, cobertos de barbitúricos, só lhes restava o delírio lúdico que diluía a doença em encanto, transformando ruibarbo num doce fruto da imaginação. o olhar convalescente contraia, então, todas as cores e formas mais sublimes. contemplava o tempo de outrora, redescoberto sem limites. cílios inebriados, verniz nos sapatos, geléia de amora, irmã encontrada. a colher sobre o pote só refletia uma imagem, que ofuscava até a cura vã.
Creationship Beyond This Reality
Há 4 anos
5 comentários:
E desce Zaratustra em mais uma incursão prodígia!
Texto obrigatório esse seu!! Gostei! Preferido!
"irmã encontrada" no muco espesso da manhã - vidro embaçado na janela da alma. O tecido já a colar nas paredes da casa, o convalescente sonha que está acordando de um sonho já distante de sua lembrança.
gostei muito pat, principalmente da irmã encontrada!!
bjs,
L.
tava sonhando
com uma overdrive
ops, quer dizer
dose de barbituricos ..
devia mesmo é
ter estudado
farmacia !
my blueberry nights! descobri!
claire,
acho que vou até mudar o título
em sua homenagem,
posso?
beijos!
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